As Concepções Políticas do Século XX – A ARTE CONTRA O PESO DAS COISAS



A atividade artística, a partir do século XX, sofre com problemas novos, efeitos da sociedade contemporânea. Para todos os problemas novos a arte, nas suas mais variadas formas, encontra também soluções novas. Isso é possível porque, após a época clássica, a Arte tornou-se uma atividade independente, o que permitiu a ela julgar livremente a realidade presente no mundo.
Os problemas, críticas e soluções espalham-se por todos os campos da arte: no teatro, na literatura, na música, na pintura e principalmente na mais nova das artes que é o cinema.
Os artistas do início do século XX são os primeiros a analisarem as crises e os abalos que o mundo sofre nesse período, enquanto teóricos políticos, sociólogos e psicólogos analisam fatos que já foram superados. Isso se deve ao caráter próprio da arte, que é a originalidade. Essas análises artísticas revelam evidencias ocultas pelos poderes estéticos, acadêmicos ou políticos.
Outro diferencial dos artistas é que eles sugerem que mudanças no/de Estado não são suficientes, o que realmente é necessário é uma mudança à vida. Diferente das análises sociais que consideram o presente como consequência absoluta do passado, e o futuro como causa do passado e do presente, através da arte formamos um presente livre, que não está preso a convicções do passado.
A arte vê a sociedade como fruto da imaginação e julga a força que une a sociedade como algo simbólico. Entendem que a racionalidade encontrada na sociedade, assim como ela, é uma invenção e o papel da atividade artística é explorar essa força inventiva – isso foi usado, de forma grosseira, pelos regimes totalitários que controlaram a arte colocando-a a serviço do Estado, destruindo sua capacidade de inventar.
Grande capacidade de influenciar a sociedade possui a arte, e um exemplo disso é o caçula das artes, o cinema. Apesar de ter uma estreita relação com a sociedade industrial o cinema não deixa de participar na política. Ela possui “a capacidade de experimentar concretamente o abstrato” o que leva a ter vantagem sobre as demais artes, pois penetra mais amplamente no publico.
Enfim, como conclusão, uso as palavras de François Châtelet e Évelyne Pisier-Kouchner, autores do livro, que elucida muito bem o papel da arte na sociedade:
Por mais eficazes que possam ser os projetos dos políticos, por mais rigorosos e sutis que se apresente os conceitos dos teóricos, eles se desenvolvem contra o pano de fundo de sociedades que se deixam frequentemente esmagar, mas que são também capazes de inventar”. E o transmissor dessa capacidade é a arte.

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